Sobre tudo o que sobra


Será? Seria? Seremos?

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E isso o que me faz acordar toda noite mais ou menos no mesmo horário, mais ou menos do mesmo jeito, e que acaba sempre me fazendo perguntar ao espelho sobre os mesmos ângulos...

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Ângulos do rosto.

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Será que vc gosta dos ângulos? Será que no rosto eles não te fariam lembrar das nuvens? Não seria possível que te fizessem lembrar do céu? Mesmo essas pontas e retas? Mesmo tendo no meio meus olhos tão escuros?

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E são escuros.

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Não há registro de olhos mais negros que estes, nem se especifica o tom na cartela de cores. Diz-se por aí, meio espalhado pelo vento, que tratam-se de pérolas disfarçadas de carvão bruto aguardando o dia que somente precisem refletir seus desejos incrustados.

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Somente os seus.

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Pérolas que coçam da areia escondida debaixo do travesseiro, desse que não acomoda meu rosto, pois é comum que eu acorde no meio da noite, mais ou menos do mesmo jeito, mais ou menos na mesma hora...

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Areia que sobra dos encontros nos corredores, dos estalos dos corpos, de sombras que sejam... Pó que acumula quando noticio meus dizeres nos seus diálogos, da sua presença piscando no monitor, da constatação de entrelaçamento de duas existências: da nossa.

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Pó que sobra.

 

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