através dos seus ombros enxergo minhas mãos turvas como num vitral
vc é feito de nuvem
é feito de nuvem e tem cheiro de chiclete que estoura no céu a boca
gosto do último pedaço, do último gole

eu vejo você
e através de você
[dói como apertar o hematoma no braço
que vc mesmo fez]

Acredite quando digo que a única forma de considerar honestamente o seu amor é admirá-lo de longe. Incólume.

Floreço torta, de forma que o meu eu e o seu jamais chegariam a um paralelo, e isso tudo que me é tão errado é ao certo o que me torna capaz de reconhecer na distância a única forma de zelo


espinhos me protegem dos predadores mas tb me afastam das outras flores, e como ser diferente se a gente mesmo só é aquilo que pode ser?


Chamo covardia de altruísmo e sigo pq seguir é preciso, mas se o tempo parasse prometo que a física quântica trataria de fazer todos os nossos átomos fundirem debochando dessa improbabilidade infinita, mas a gente segue pq segue


Não esqueça que por detrás desses espinhos tortuosos tb sou flor, que eu quero mesmo é dar sentido a todas as canções de amor, às súplicas dos poetas, mas pra isso eu teria de tirar seu sangue, já que pra existir eu tb preciso ser espinho


Aqui explico pq as rosas são feitas pra estar em redomas de vidro

The place where the garden never grows

Durante um segundo esqueço o quanto o caminho de volta é tortuoso, então respiro um pouco mais pra dentro e mordo a maça da árvore proibida. Prendo a respiração num ato de misericórdia pois o ar que sai leva junto a substância que faz escoro ao meu resto, tomando o lugar daquilo que não tenho mais.


A gente morre e renasce meio torto, meio estranho. Nunca se viu, nem há de se ver, alguém que volte à vida em exato paralelo com o ser anterior. A morte desvia.


O reflexo no espelho se inverte tornando o direito e o esquerdo ambos conceitos vazios, mas o desvio dessa rota também me serve. Aplico seu modelo na construção dessa lembrança em espiral, extremamente bem vinda, e me hipnotiza.


Nos demais segundos que preenchem as horas, dias e meses, acredito com todos os átomos de todas as moléculas que me sustentam que eu não sinto mais, te nego todas as vezes encarando esse meu reflexo errante, mas nem ele acredita.


Repito todas as novidades e maravilhas que os meus dedos conseguem contar, mas a verdade é que não sinto mesmo mais a dimensão de nada disso, pq essa parte que “sente” é exatamente aquela que morreu, junto com tudo aquilo que vc tomou de mim, que te envaidece, e que jogou fora em seguida.


O tempo que fiquei e fico à mercê do seu veneno mata mais do que morte matada e morte morrida. Contamina tudo ao redor em obediência à teoria do fruto apodrecido, de forma que hj eu consigo estancar o avanço mas não reverter o dano, então preciso de alguém que o faça, alguém que eu SEI que vou encontrar, alguém que vc nunca vai ter, e isso me envaidece.


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so sweet, can you feel it?

(Can you feel it?)

are you here?

are you with me?

I can feel it

and its beautiful

Uma das poucas exceções que faço a textos não autorais no blog. Sou eu em cada letra.

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"- Quero te dizer uma coisa que talvez não faça muito sentido. Mas devo dizer para que um dia você possa se lembrar, e talvez isso te ajude a se sentir melhor. Em um certo momento da sua vida, provavelmente quando a maior parte dela já tiver passado…você vai abrir seus olhos e ver quem você realmente é…especialmente por tudo que a tornou tão diferente de todos os horríveis normais. E você vai dizer para você mesma…”Mas eu sou essa pessoa”. E nessa declaração, essa correção, haverá um tipo de amor.

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- Estou com muito medo.

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- Todos estamos."

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Phoebe no País das Maravilhas


sobre o que não pode voltar atrás, que nem o banimento desfaz. pedras presas no moinho pingando sangue batido, outros tempos, outros carnavais


e sobre coisas ocultas, lindas e sujas, toda “vã” e toda “Filosofia”, e talvez toda a experiência de vida e morte e tudo mais: teria tudo isso mais valor do que aquilo que sempre me tiram? Me levam? Que me traz?


vazio espremido no meio de tanto acontecido, abaixo daquilo que não se deve nomear. a verdade é que escondo nesse mesmo fundo, ora poço, hoje não mais, que mesmo sem rima e sem prumo,não há nada que eu precise mais.


...


Nada me falta. Lê baixinho pra o universo não ouvir e resolver me devolver ao domínio do lado negro da Força . Saravá 3x =]

no alarms and no surprises please

Diário

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Ando tão cansada, e minhas roupas não me cabem mais ou talvez eu não saiba combiná-las. Não sou mais meus óculos, meus adornos, minhas roupas. Pareço cada vez menos com a minha mãe.

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Não, isso não direi! Soaria tão bobo, tão clichê... Quero o lindo, o perfeito, que te doa só de ler. Escrevo e me envergonho por achar lindo só por doer.

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Talvez meu jeito de caminhar também tenha mudado, não sei ao certo dizer... ando na frente do espelho e concluo que o mesmo peso de antes me parece mais pesado agora, mas tb não saberia dizer...

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Também não sei dizer se isso é um desabafo ou um manifesto; o inexato é do tamanho do vazio que ficou quando os meus filmes prediletos, minhas músicas, meus seriados, virou tudo tão banal... eu parei de gostar das coisas. É só entretenimento, distração, não é mais amor. Não é mesmo. Sou Clarice e só sei que vivo pq ainda dói. É aqui que não me reconheço mais.

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[...]

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Todas as coisas que passam desapercebidas por quase todo mundo, quase todo tempo, e que eu simplesmente não consigo esquecer... nem por um segundo... eu rejeito, mas não esqueço.

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[...]

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E tem tanto que ainda me arrependo tanto...

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[...]

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E dói. Não é incomum que eu passe os dias trancada em algum lugar, com um livro ou o computador, mas não me acho mais branca. Sinto minhas curvas murchando, e só. O meu cabelo caiu pela metade, então tive de cortar, mas não fiquei mais bonita.

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Não me acho mais bonita, mas gostei tanto... minhas roupas não combinam mais e meu cabelo me apagou, então ando invisível por ai e meio que gosto disso... Ninguém me vê, logo eu consigo permanecer abaixo do horizonte dos olhos, rindo baixo, reparando nas cores por outros ângulos, outra luz, outra sombra, aos rodopios... Borboletas feitas de vidro. Ninguém me vê, então eu sou livre. LIVRE

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[...]

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Tanta coisa aconteceu esse ano. sinto que envelheci uns 10 anos. O peso do cansaço é gigante, é do tamanho do mundo, e eu não durmo sabe? Tenho todo o tempo do mundo pra pensar em todas as coisas e seus meticulosos detalhes pq os remédios pra dormir não funcionam mais. Não como deveriam. Era exatamente essa a ajuda que eu precisava agora.

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Tremo de medo por perceber que toda a dor do mundo SEMPRE pode ser pior. Depois de um ano cheio de decepções mortais e também da humilhação, do adeus eterno do meu amado avô, dos meses que ficamos cuidando da Tia Bia e das duas avós, das noites em hospitais, e tb das noites acordadas ouvindo minha vozinha sentindo dor... da correria, de todas as zilhões de coisas pra resolver... de não dormir, e não comer, e depois comer demais, e meu cabelo cai, e de não conseguir estudar... e de tantas outras coisas... depois de tudo isso, ver o meu pai em cima de uma cama cheio de pinos pelo corpo, sentindo dor... foi o ponto alto do ano.

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Nessa sentada eu decidi que ia conseguir colocar isso pra fora, terapeuticamente, mas é tão difícil... é uma experiência completamente nova.

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Ele sofreu um acidente de moto viajando, sendo que um dia antes a gente brigou e pra evitar a fadiga resolvi deixar ele quetinho e não me despedi dele sabe? Entende? A operação foi no dia do aniversário dele.

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Eu não sei aonde isso vai parar, eu não sei resolver, não tem consolo pra mim. Eu não consigo dizer nada... sabe aquele choro sem som?

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Tenho até medo de me perguntar o que mais me falta acontecer e a vida resolver responder...

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Eu me rendo, eu desisto, jogo as cartas na mesa. Não faço questão! Será muito pedir pra mais nada acontecer? Um tempo pra respirar, pelo menos?

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O que seria de mim sem a minha fé?

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...

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Minha prima Luana disse hj que depois de uma coisa ruim, a vida te dá uma boa, então olha, se for proporcional to me preparando pra ganhar na loteria ou pro meu olho de repente ficar azul.

 

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