no alarms and no surprises please

Diário

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Ando tão cansada, e minhas roupas não me cabem mais ou talvez eu não saiba combiná-las. Não sou mais meus óculos, meus adornos, minhas roupas. Pareço cada vez menos com a minha mãe.

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Não, isso não direi! Soaria tão bobo, tão clichê... Quero o lindo, o perfeito, que te doa só de ler. Escrevo e me envergonho por achar lindo só por doer.

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Talvez meu jeito de caminhar também tenha mudado, não sei ao certo dizer... ando na frente do espelho e concluo que o mesmo peso de antes me parece mais pesado agora, mas tb não saberia dizer...

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Também não sei dizer se isso é um desabafo ou um manifesto; o inexato é do tamanho do vazio que ficou quando os meus filmes prediletos, minhas músicas, meus seriados, virou tudo tão banal... eu parei de gostar das coisas. É só entretenimento, distração, não é mais amor. Não é mesmo. Sou Clarice e só sei que vivo pq ainda dói. É aqui que não me reconheço mais.

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Todas as coisas que passam desapercebidas por quase todo mundo, quase todo tempo, e que eu simplesmente não consigo esquecer... nem por um segundo... eu rejeito, mas não esqueço.

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E tem tanto que ainda me arrependo tanto...

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E dói. Não é incomum que eu passe os dias trancada em algum lugar, com um livro ou o computador, mas não me acho mais branca. Sinto minhas curvas murchando, e só. O meu cabelo caiu pela metade, então tive de cortar, mas não fiquei mais bonita.

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Não me acho mais bonita, mas gostei tanto... minhas roupas não combinam mais e meu cabelo me apagou, então ando invisível por ai e meio que gosto disso... Ninguém me vê, logo eu consigo permanecer abaixo do horizonte dos olhos, rindo baixo, reparando nas cores por outros ângulos, outra luz, outra sombra, aos rodopios... Borboletas feitas de vidro. Ninguém me vê, então eu sou livre. LIVRE

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Tanta coisa aconteceu esse ano. sinto que envelheci uns 10 anos. O peso do cansaço é gigante, é do tamanho do mundo, e eu não durmo sabe? Tenho todo o tempo do mundo pra pensar em todas as coisas e seus meticulosos detalhes pq os remédios pra dormir não funcionam mais. Não como deveriam. Era exatamente essa a ajuda que eu precisava agora.

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Tremo de medo por perceber que toda a dor do mundo SEMPRE pode ser pior. Depois de um ano cheio de decepções mortais e também da humilhação, do adeus eterno do meu amado avô, dos meses que ficamos cuidando da Tia Bia e das duas avós, das noites em hospitais, e tb das noites acordadas ouvindo minha vozinha sentindo dor... da correria, de todas as zilhões de coisas pra resolver... de não dormir, e não comer, e depois comer demais, e meu cabelo cai, e de não conseguir estudar... e de tantas outras coisas... depois de tudo isso, ver o meu pai em cima de uma cama cheio de pinos pelo corpo, sentindo dor... foi o ponto alto do ano.

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Nessa sentada eu decidi que ia conseguir colocar isso pra fora, terapeuticamente, mas é tão difícil... é uma experiência completamente nova.

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Ele sofreu um acidente de moto viajando, sendo que um dia antes a gente brigou e pra evitar a fadiga resolvi deixar ele quetinho e não me despedi dele sabe? Entende? A operação foi no dia do aniversário dele.

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Eu não sei aonde isso vai parar, eu não sei resolver, não tem consolo pra mim. Eu não consigo dizer nada... sabe aquele choro sem som?

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Tenho até medo de me perguntar o que mais me falta acontecer e a vida resolver responder...

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Eu me rendo, eu desisto, jogo as cartas na mesa. Não faço questão! Será muito pedir pra mais nada acontecer? Um tempo pra respirar, pelo menos?

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O que seria de mim sem a minha fé?

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Minha prima Luana disse hj que depois de uma coisa ruim, a vida te dá uma boa, então olha, se for proporcional to me preparando pra ganhar na loteria ou pro meu olho de repente ficar azul.

2 Response to no alarms and no surprises please

22 de outubro de 2010 às 11:46

Os problemas dos remédios para dormir é que eles não ajudam em nada quando preciso acordar de novo.

23 de outubro de 2010 às 09:43

Sabe, nunca tive problemas pra acordar enquanto tomava os remédios...

 

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