Inquietude inicial

Ando forçando tanto as coisas ultimamente, penso que nem seria assim tão estranho se eu forçar dessa vez também...

Vou sim! Vou fazer um blog.

E ta aqui: ta feito.

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Me pergunto o que fazer com ele...

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Sou uma técnica meu bem, fui criada pra ser eficiente, bem sucedida, mulher moderna e aquela coisa toda (com camisa do Che e óculos de acetato). Há muito pouco tempo eu achava que a única coisa que realmente valia a pena na vida era estudar (medíocre, eu sei), e eu fechei o olho pra tanta coisa, e isso nem serve mais pra nada, nem rima.

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Deixei de viver tanta coisa, fazer tanta coisa... e hoje me faz falta algo que eu nem sei identificar, pq tudo o que eu não sou é intuição, tudo o que eu não tenho é essa sensibilidade pra vida.

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E de uns tempos pra cá me vejo tentando espremer de mim essa angústia de qualquer forma. Esse é um tema recorrente na minha vida: me espremer. Deve haver alguma coisa que sirva.

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Então eu sento e faço isso que, definitivamente, faço tão mal: escrevo.

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Não tenho dom artístico nenhum: sou uma técnica. Até nisso eu esbarro em mim: acho que se treinar muito acabarei conseguindo. Só mais um argumento de coerção interna, e argumentos aqui não servem. Se me convencer de que sei escrever não vai muda em nada minha condição. O tanto que tenho pra dizer é inversamente proporcional à minha capacidade de fazê-lo.

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Ok, tenho uma teoria: dentre as fases que compõem o processo criativo há pelo menos algumas etapas a serem calcadas entre o conhecimento norteador de todos os conceitos que recebemos do mundo exterior e a inquietude inicial da inspiração. É exatamente nesse ponto que eu empaco. A deficiência não é de leitura, é de talento mesmo.

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Mas tem essa coisa que me persegue e que quero tanto expulsar. Então insisto em acreditar que um dia eu vou entender o que me falta e que vai fazer de mim um ser humano, e não uma força de trabalho. E eu vou seguindo, acreditando em qualquer coisa que me dêem, porque eu preciso mendigar até isso: o essencial que me falta.

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Só que o tempo passa, e o tônus da pele já não o mesmo. Não vejo mais a vida como um mar de cores e sons. Está difícil ver o sol se por, também não ouço mais a chuva caindo no telhado, não sinto mais o gosto da comida. Eu sou a metade do pouco que era, e o resto que me completa é esse vazio que insisto em preencher, com o que talvez não me convenha, que nem me rende uns bons versinhos, nada, eu sou uma técnica, e não poeta.

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Suponho que pra isso sirva esse blog, pra não me deixar esquecer quem estou deixando de ser (a menina do balanço). Um lembrete, ou talvez uma cápsula do tempo, que eu ousaria confiar a ninguém.

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Leitor (se é que vc existe), não tenho nada a ver com vc, não fecho nada contigo, não te requisito! Esse blog é meu, e só meu. Sou eu manifestada.

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Não espero nada de você blog querido, sem grandes expectativas e pretensões. Só espero que exista tempo o suficiente pra cumprir a finalidade a que te destino, minha tentativa de preencher algumas reticências, algumas aspas, e só.

2 Response to Inquietude inicial

7 de março de 2009 às 16:49

já comentei o texto, só pra deixar um 'bem vinda' :)

11 de março de 2009 às 04:03

Ei, lindinha! Adorei seu blog, apesar de estar lendo às pressas. Acho que tem mais poesia nessa técnica do que muita literatura de gosto duvidoso por aí... E, só pra filosofar um pouco, se tem algo que de fato aproxima todos nós, andejantes sem rumo perdidos em mil estradas, é exatamente esse vazio, esse nada que a gente passa a vida toda querendo preencher com não sei o quê. Mil beijos! Carol (CEUB)

 

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